Descomplicando o SGQ

Não tenho dúvidas sobre algo! Os anos de experiência me fizeram entender que a percepção das pessoas sobre o que é o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) pode se tornar um desafio para quem deseja implementá-lo. Pude confirmar isso em todas as empresas que prestei serviço, dos mais diferentes tipos, setores e tamanhos, sem exceção – e posso garantir que não foram poucas.

Quando o SGQ ainda não é maduro na empresa, não faltará pessoas que têm em mente que o responsável pelo sistema é também responsável por comprar os equipamentos de proteção individual (EPI’s). Outros têm a certeza de ela estará incumbida de realizar os testes do laboratório de qualidade. Há ainda aqueles que pensam que pode ser algo ligado à limpeza.

Ao jogarmos no Google o acrônimo SGQ ou qualquer coisa relacionada a ISO 9001, encontramos textos chatos, que tentam falar bonito com toda pompa que só o LinkedIn pode nos proporcionar… em outros termos? Um porre!

Seus problemas acabarão? Não! O assunto é extenso, mas posso te prometer que nesse curtíssimo artigo vou apresentar uma analogia que pode abrir sua visão para algo que nunca voltará a seu estado original, meu nobre gafanhoto. Então, afinal… o que é o Sistema de Gestão da Qualidade?

Computadores na ajuda

Ainda que você não conheça a diferença das palavras hardware e software, vou te ajudar com a mais famosa piada (naturalmente já batida) que circula nos cursos de tecnologia da informação: quando se trata de computadores, hardware é tudo aquilo que você chuta e software é tudo aquilo que você xinga!

Tudo aquilo que você pode pegar no computador, ou seja, os recursos físicos, são o hardware. As empresas também possuem seus hardwares: máquinas, os próprios computadores, os imóveis (ainda que seja a casa de cada colaborador em home office), os veículos e nós, mortais trabalhadores. Não faltam exemplos de recursos físicos e você pode ter pensado algum que eu não citei.

Dentro dessa analogia, quando ficamos pistola com a desorganização em nossa empresa, nós não temos como “chutar” a desorganização, certo?! Pois é! Xingamos o software. Muitas vezes em silêncio pedindo forças a todas as divindades possíveis para termos a inteligência emocional necessária para alterarmos o curso daquilo.

Ao invés de xingar, podemos abrir um Relatório de Não-Conformidade (RNC)

Quando xingamos aquela desorganização, a maneira que as pessoas estão tratando seus processos, estamos criticando o software. Ou seja o programa do computador. Ficamos irritados quando o sistema da empresa dá aquela icônica tela azul e pode ser que não vejamos saída.

Mas peço que tenha calma, futuro(a) mestre! Podemos guardar todas aquelas críticas e colocarmos em um relatório pré-programado para nos ajudar a resolver aquele problema. Mas se no momento ainda não tivermos esse formulário, se não tivermos uma maneira prévia de agir, os erros podem realmente serem desmotivadores.

Quando erros começam acontecer no nosso computador o que fazemos? Se formos minimamente normais, formatamos e instalamos o sistema operacional (Windows, Linux etc.) novamente. O SGQ é exatamente isso, ele funciona para a empresa assim como o Sistema Operacional funciona para o computador.

Implementar o Sistema de Gestão da Qualidade em um empresa é um desafio de um programador, pois é exatamente isso que fazemos. Criamos algoritmos que indicam a cada um exatamente o que fazer, prevendo cenários em diversos setores distintos. Caso aconteça isso, faça aquilo. Se aquilo, faça isso.

Colocando na rotina

Assim como em grandes companhias de software, programas operacionais robustos dificilmente são desenhados apenas por uma pessoa, mas por uma equipe engajada.

Da mesma maneira que os programadores que estão escrevendo o software, escrevemos uma linha, excutamos e verificamos se funcionou – “debugamos”, no jargão da TI. Caso tenha funcionado, seguimos para a próxima linha, próximo tema, próxima gerência. Como a empresa é viva, variáveis novas vão entrando na equação. É claro que pode haver alguma incompatibilidade nesse processo. Isto é normal!

Dentro do SGQ essas incompatibilidades são chamadas de não-conformidades e tratamos com metodologia, sistematização e muita tranquilidade. Criticamos, corrigimos os efeitos e principalmente as causas daquele problema. Realizamos o ciclo novamente e verificamos se funcionou. Automatizamos.

Assim como a base de um programa de computador são suas linhas documentadas, no SGQ não é diferente. A documentação é a base para esse ciclo que começa no planejamento (P) daquilo que se deve fazer. Em um segundo momento, a execução (D) da rotina acontece e em seguida verifica-se (C) se tudo funcionou. Age-se novamente (A). Isso! O famoso PDCA. Mas isso é papo para outro post.

Como está seu entendimento sobre o SGQ agora?

Comente esse post contando o que mudou em sua visão.

Te desejo sucesso!

Rogério Braga

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